Artigo com participação de membros da Rede Genômica Fiocruz relata evidências de infecção de quatis pela Influenza aviária H5N1
A capacidade de algumas linhagens da Influenza aviária H5N1 de se adaptar a hospedeiros mamíferos é uma preocupação para a saúde coletiva. Isso se dá porque a capacidade de infectar e ser transmitida entre populações de mamíferos significa que essas linhagens têm maior probabilidade de eventualmente afetar a espécie humana do que aquelas que circulam apenas entre aves, uma vez que seres humanos são mamíferos.
O artigo aqui resumido relata a infecção de 23 quatis em um parque ecológico no Departamento de Flores, no sul do Uruguai. Os animais tiveram infecção com sintomas graves por uma linhagem altamente patogênica do H5N1, e apenas cinco animais sobreviveram à infecção Destes, quatro desenvolveram anticorpos contra o vírus. A infecção dos quatis ocorreu 3 meses após o primeiro caso relatado de H5N1 em aves silvestres e de criação no país.
A equipe responsável pela pesquisa conseguiu isolar e caracterizar o genoma das amostras que infectaram os animais, identificando em dois dos genomas virais uma mutação de substituição de aminoácidos no gene da RNA polimerase. Uma substituição de aminoácidos exatamente nesta mesma posição já foi encontrada em outras linhagens de influenza que se adaptaram a hospedeiros mamíferos.
O artigo acende um alerta para a importância de realizar vigilância de casos suspeitos em animais silvestres e domésticos para se acompanhar a trajetória do vírus, assim como outras alterações preocupantes em seu genoma que possam aumentar a probabilidade de contágio de populações humanas.
Rodríguez, S et al. (2024) Infection of South American coatis (Nasua nasua) with highly pathogenic avian influenza H5N1 virus displaying mammalian adaptive mutations. Microbial Pathogenics, 195, 106895. Available online: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0882401024003620?via%3Dihub>;