Artigo testa abordagem de epidemiologia em amostras de chorume de resíduos urbanos para vigilância do SARS-CoV-2
Uma ferramenta alternativa de vigilância para entender o quanto um vírus tem circulação prevalente em meios urbanos é a análise epidemiológica de amostras de resíduos urbanos. Assim como a epidemiologia de esgotos, que já foi investigada quanto à sua aplicação para vigilância do novo coronavírus SARS-CoV-2 em outros artigos resumidos nesta seção de Publicações, outros tipos de amostragem podem dar respostas importantes. Estas respostas vão desde a simples detecção da presença do vírus até a possibilidade de inferir a identidade de variantes circulando (ou seja, identificar pequenas sequências associadas a linhagens específicas, mesmo sem o sequenciamento completo do genoma). Adicionalmente, a depender do tipo de resíduo analisado, esta alternativa epidemiológica pode fornecer respostas sobre o quanto diferentes regiões de um município têm padrões distintos de circulação de linhagens virais.
O artigo aqui resumido testa a abordagem de epidemiologia em chorume de resíduos sólidos urbanos, a partir de amostras de caminhões de coleta de resíduos em uma estação de coleta no município do Rio de Janeiro. Vinte amostras foram analisadas pelo grupo de pesquisa, e foi possível inferir a identidade da Variante de Preocupação (VOC) Alfa e a Variante de Interesse (VOI) Zeta a partir da técnica de RT-qPCR nas oito amostras que testaram positivo para a presença do SARS-CoV-2 (correspondentes a 40% do total de amostras). Os autores do estudo não obtiveram sucesso no isolamento e sequenciamento completo do genoma viral, mas argumentam que as respostas fornecidas por esta abordagem aliada à inferência de linhagens por RT-qPCR podem ajudar a entender a circulação do vírus no ambiente urbano e informar políticas sociais, de vigilância e saúde.
Lanzarini, N.M., Mannarino, C.F., Ribeiro, A.V.C. et al. SARS-CoV-2 surveillance-based on municipal solid waste leachate in Brazil. Environ Sci Pollut Res 30, 67368–67377 (2023).